BAIXARIAS

BAIXARIAS No primeiro turno, os ataques vinham de todo lado, todos contra todos. O PSDB usou o mensalão e postaram José Dirceu como um guru do PT, e o mesmo fez o PCdoB, que, forçava o apoio deste mesmo PT com Lula e Dilma . O PSDB atacava também os comunistas e assim se seguia o pleito. Atrás nas pesquisas, o PCdoB procurou um jeito de desconstruir o candidato petista, Durval Angelo, com ataques aos Direitos Humanos e ao movimento LGBT . E tudo resvala para a baixaria. Como parte do jogo político ocorre a troca de adjetivos desairosos entre militantes, petistas, comunistas e tucanos. Os ataques ao comunista Carlin Moura eram direcionados ao fato de ele ter um discurso diferente da ação. Falava em novidade, em novas prioridades e escondia o apoio da velha guarda como Newton Cardoso. O PSDB dizia que o Partido Comunista negou suas raízes e virou evangélico. Os tucanos , por sua vez, mantiveram o mesmo método que fez com que perdessem duas eleições e foram para a terceira derrota seguida. Após os embates ferrenhos do primeiro turno, vivemos uma estranha calmaria que indicava que o caldo ainda ia ferver. O festival de baixarias protagonizado por vários militantes, com disparos verbais pouco condizentes com a democracia e a liberdade com a qual sonharam nossos antepassados não apenas reflete o clima de tensão próprio de campanha eleitoral, mas também revela a vontade ferrenha de defender aquilo em que cada um acredita. Também fiz parte destes defensores de candidatos que disputam nas redes sociais usando a palavra como os lutadores usam os golpes no UFC. Candidatos foram chamados de mentirosos, vagabundos, ficha suja, e outros adjetivos que prefiro não repetir. O resultado do primeiro turno mostrou que a população ficou dividida entre tantas denúncias e quis apenas afundar de vez o Titanic tucano. E num é que os tucanos de Ademir Lucas resolveram reforçar a velha guarda e se uniram aos comunistas de Carlin Moura? A vontade do povo é soberana. Pesquisas indicam um momento. O fato é que PT e PCdoB partem para um embate definitivo. Aqueles que outrora eram parceiros, defendiam os mesmos ideais hoje estão em lados opostos. Tudo podia ficar apenas no campo das idéias, do período eleitoral, e em alguns casos vai ficar. Mas quem atingiu a vida particular do outro, esse não será esquecido. Para quem usou de baixarias sobre a vida sexual e profissional do eventual adversário a lembrança é definitiva. Como se diz, quem bate esquece, mas quem apanha não esquece nunca. Para mim, é triste pensar que muitos acham que atacar uma mulher de forma violenta física e verbalmente é normal quando se está em plena campanha política. Não é. O período eleitoral é o momento de avaliação do que foi feito e para projetar o futuro, com a discussão de estratégias. Não posso negar que foi um grande aprendizado. Errei, acertei, lutei, acreditei e ainda acredito. Não me calaram com ameaças, nem com ataques à minha pessoa. Quando se tem um ideal e se é guerreira, a luta sempre continua. O jogo rasteiro da politicagem barata, da falta de compromisso é que faz com que em pleno jogo eleitoral as pessoas mudem de time, trocam de camisa na frente de todos, sem respeitar o torcedor/eleitor. É uma pena que assim seja.